quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ilustrações para A PELE DE ESAÚ de Silvério Duque


As oito ilustrações que seguem abaixo são o meu "ato" diante dos poemas do meu grande amigo Silvério Duque. São telas de (30x30)cm sobre as quais consegui expirar muito da inspiração que me veio ao ter contato com as passagens do livro A Pele de Esaú.

Para além da técnica empregada - a do acrílico e do carvão - fui do desenho à pintura embebido de muito desejo de que tudo fluísse de forma mágica, assim como foi para a pintura da capa.

Muita responsabilidade recontar a poesia do Duque através da imagem, muita responsabilidade e muita firmeza manter a parceria de muitos anos e, uma satisfação imensa em conviver ao seu lado, não só como artista, mas como amigo ao longo desses 22 anos.

As fundações que estabelecemos na infância nos legou essa capacidade de entender, mutuamente, um o trabalho do outro. Contudo será sempre um desafio percorrer os versos do Silver, produzir uma releitura imagética e submeter à sua avaliação.

Eis as ilustrações, inspiradas em alguns poemas, as quais serão expostas nos lançamentos de A Pele de Esaú do poeta Silvério Duque:

TODAS AS TELAS:
TÉCNICA: ACRÍLICO/TELA
DIMENSÕES: (30x30)cm
ANO: 2010
AUTOR: GABRIEL FERREIRA

TELA 1
"Bendito seja todo esquecimento;
bendita, também, seja toda sede
e tudo mais que nos desperte a carne
ou que nos torne estranhos ante o espelho."

  TELA 2
"Grande conforto esta visão da noite,
esta noite existente em cada ouvido,
qual o mar encarcerado em cada concha...
Há, em cada sonho, um anjo adormecido..."
 
TELA 3
"E o que eu adoro em ti é a tua carne,
porque tudo o que é vivo se deseja;
assim, desejo em ti o meu tormento
que há-de crescer na proporção do tempo."
 
TELA 4
"Contemplo em tuas chagas a beleza
e a memória de tudo o quanto é vivo.
A dor, inda presente, sente a carne;
o amor nos oferece um gesto antigo."

TELA 5

"Nua, és como os frutos contra o vento,
o contrair impuro de teus músculos,
como a transpiração das tuas flores,
vela chorando só em meio as preces..."

  TELA 6
"...a noite derramando-se em ternura
e sono, o amanhecer que partilhamos...
Tudo passa, até mesmo a tua ausência
e a saudade que trago de quem somos."

TELA 7
"No dia em que fazemos tudo vive,
realizar é escapar da morte... mas,
não durarei apenas entre os outros,
pois dou aos versos usos e clarezas."

TELA 8
"Pesa-me sobre os ombros meu silêncio,
penso no fogo – renascer de tudo –,
na carne que perdi entre os escombros
do desejo, dos sonhos, dos sentidos..."




TELA 8
"Pesa-me sobre os ombros meu silêncio,
penso no fogo – renascer de tudo –,
na carne que perdi entre os escombros
do desejo, dos sonhos, dos sentidos..."

Um comentário:

  1. É incrível como Gabriel, ou melhor, Grande Gabriel (risos), consegue traduzir em traços, cores e técnicas a emoção, a inspiração, a subjetividade do artista representado.
    Além do mais, sou suspeita, dois grandes amigos: Silvério Duque, Gabriel Ferreira!!!

    Fantástico...
    Mílvia Cerqueira

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